Quem sou eu e qual é meu processo criativo
Depois de mais de um ano, quis enfim vir "pessoalmente" abrir as portas da minha casa digital oficial para meus assinantes premium – e falar de criatividade!
foto: Tati Batistela na 2ª turma do Amo News Insiders
Mas antes... sobre profissionalismo e leveza!
(um texto para a Ale de 2019 que talvez faça sentido para outras pessoas)
Este envio era para ter sido feito na sexta ou sábado passados, últimos dias do mês, datas em que são enviados os dossiês mensais especiais. E, não, este não é um parágrafo explicativo sobre o envio não ter acontecido na data certa nem um pedido de desculpas – como leitora, nunca percebo pequenas alterações de datas, mas acho chatíssimo ler longas linhas de justificativas não necessárias. Ao contrário: meu intuito aqui é contar que eu já fui a Ale profissional hiper rígida, que avisava e justificava qualquer hora de atraso, mesmo quando cumprir um prazo pudesse fazer mal para todas as outras Ales que em mim habitam.
O trabalho do criador de conteúdo não é o trabalho de quem trabalha na linha de frente de operações de transplante, no qual cada segundo fará uma baita diferença. E não é em sutilezas como esta que mora o profissionalismo e a responsabilidade.
Ter percebido minha relação disfuncional com o trabalho me mostrou por que me faltava leveza em tantas áreas da minha vida. Hoje, com a Amo News como um trabalho, eu levo a sério o compromisso que entregar os combinados: um post semanal + um dossiê semanal. E adoraria ser a pessoa superprogramada, que tem sempre dia, horas e processos fixos. Mas não sou. E toda vez que a gente se força a ser algo que não é – pra atender a algum padrão – a gente se machuca de alguma forma. Dá pra ser profissional e leve ao mesmo tempo. E até o resultado das entregas vai se beneficiar!
Então, aqui vai o dossiê de setembro no primeiro dia útil de outubro. Sem justificativas nem falta de seriedade, mas como todo carinho, capricho e leveza que consigo enviar em uma edição...
Quem sou eu
Com tantas pessoas legais vindo pra minha casa digital, acho educado (finalmente) vir pessoalmente abrir a porta com a minha carinha – e daí a ideia de um mini-vídeo de apresentação.
E, na sequência, voltamos ao texto (porque acho que a maioria aqui é das minhas, prefere mesmo tudo em texto!): vou falar um pouco do meu (não) processo criativo. Sei que tem zilhões de posts sobre processo criativo aqui mesmo nesta plataforma, vários de vizinhas que sigo e admiro. Mas taí uma coisa que é tão pessoal como impressão digital: nenhum é igual ao outro.
Em resumo: uma alma de exatas trabalhando com humanas, uma curiosa irritantemente organizada, aquela que escreve vinte textos e demora vinte anos pra gravar UM vídeo (segredo: o “atraso” deste envio é todo culpa dele). Uma pessoa que tem mais ideias do que tempo de executar todas – e, por isto, muitas flopam! – e vem tentando aprender o tal do foco monotemático. Uma introvertida que, vai entender, está criando uma comunidade de pessoas. Já fui “radar de it girl”, já amei branding e já esmiucei os 5 sentidos, tudo sob os olhares de outras pessoas. Alguém com sonhos, com muitos planos e em mudança constante. Escrevo de forma mais intuitiva (e meio prolixa, eu sei!) do que profissional e mesmo assim tenho uma sorte inexplicável em atrair pessoas especiais em todos os meus trabalhos criados por meio do digital desde 2004!
Meu (não) processo criativo
Já tinha citado por alto em outras edições meu modo de trabalho sem muitas regras ou processos...
Cada edição, uma sentença
"Vira e mexe alguém me pergunta 'como é meu processo criativo para escrever esta newsletter'. Isto já é suficiente para que eu entenda que, talvez, o certo fosse ter um – e também me envergonhe de leve por ter como processo uma espécie de 'não ter processo', cada edição sai de um jeito.", Amo News, setembro/23
Como escrevo e como leio newsletters
"O grande X da questão é o que faço entre o minuto em que envio uma e o minuto em que escrevo a próxima: o arcaico hábito de mandar para o meu próprio email todos os links interessantes, prints curiosos e insights do que pode virar um texto.", Amo News, junho/23
O certo medo de fazer oficinas de criatividade (que certamente vão podar muito do que considero meu jeito – ainda que imperfeito – de escrever) e até o quê de fuga de livros especializados em processos de escrita têm um fundo na minha consciência de que escrevo mais com instinto do que com norma.
p.s. estou, no entanto, com uma bibliografia a mão sobre este tema, porque decidi estudá-lo como curiosa e porque criatividade será o tema do 2º Amo Insiders (e pra formar conteúdo eu acho fundamental ter muitos pontos de vista reunidos).
Como falei ali em cima, tem vários textos sobre processos criativos – aqui mesmo no Substack – com organizações e profissionalismo muito superiores aos meus. Mas criar não é (ou não deveria ser) uma competição. Então divido cinco aprendizados sobre meu próprio "processo criativo":
1) Fazer antes, pensar em como faz depois: na era do boom dos blogs como negócio lucrativo, brincava que tinha muita gente que fazia o mídia kit antes e o primeiro post depois. Aqui, não me refiro a pensar (ou não) em negócios, em monetização, mas simplesmente ao ato de sentar pra criar. Quando vim para o Substack, fui testando formatos e experimentando, até chegar no que eu considero o ideal pra mim. E foi só depois disso que o entendi como um formato, um processo. Preocupar-me com o modelo antes de colocá-lo em prática, no mínimo, ia atrasar um bocado meu começo.
2) Nosso processo tem muito de nós: cada pessoa se organiza de um jeito que, muitas vezes, só faz sentido pra ela. Um exemplo bobo é minha estante de livros organizada em cores. Cada vez que ela aparece em um vídeo ou foto, recebo a pergunta "mas como você encontra um livro desta forma". Eu me surpreendo com a dúvida, porque, PARA MIM (uma pessoa muito visual e com memória fotográfica), é muito mais fácil encontrar pela cor da lombada do que de qualquer outra forma. Vá de Notion, vá de caderno a mão, vá de bloco de notas do celular, vá de e-mails seus pra você mesmo (meu caso!), mas só vá... se fizer sentido pra você, o objetivo foi atingido com sucesso.
3) Para produzir, há necessidade de consumir: o que escrevemos está diretamente ligado ao que consumimos – não só de livros ou textos, mas de vídeos, podcasts e até uma observação atenta ao nosso redor. Não adianta achar que inspiração nasce só de ideias soltas sem qualquer inspiração, direta ou indireta. Manter o radar sempre ligado é fundamental pra mim!
4) Tenho dezenas de inspirações: nada nasce 100% do zero – inconsciente coletivo ou beber de outras fontes, tudo vai nos influenciar. Mas como meu maior medo é virar genérico literal de algo que já existe, evito acompanhar aquilo que é muito próximo da minha área. De quebra, acredito que quanto mais fontes de inspiração, melhor. Isto me mantém mais apta a criar uma receita minha, ainda que ela traga ingredientes isolados de outras receitas!
5) Organização é, claro, a chave: formatos, processos, fontes e até maneiras de organização são fatores relativos. Mas entender seu funcionamento e qual a sua melhor escolha de organização é fundamental. Ideias muito bagunçadas se perdem, falta de rotina (e não me refiro a rituais ou horários) atrapalha. O primeiro comprometimento que a gente precisa ter em um processo criativo é aquele que a gente estabelece com a gente mesmo. Pense em prazos, modelos e ideias que sirvam para o SEU entendimento de organização, mas não deixe-a em segundo plano. Como sempre repito, pra mim, é mais fácil escrever semanalmente do que "apenas quando vier A inspiração".
Em resumo, o seu processo criativo é seu, só seu! Acredite nele!
LEIA TAMBÉM:
Um ano de Amo News: o que aprendi...
{Também nesta edição: o próximo Amo News no Zoom, a literatura na moda; a força da embalagem; o grupão que é inverso à comunidade e dois perfis para aprender e apreciar arte.} "Quando comecei este Substack, não sabia exatamente o que estava fazendo... só que precisava começar. Eu precisava voltar à minha escrita.
Sabe aquele amigo(a) que já tem tudo e você nunca sabe como poderia presenteá-lo?! É possível oferecer a ele uma assinatura premium (mensal ou anual) Amo News, com direito a mensagem personalizada e tudo – ou até como um presente anônimo. Clique no botão abaixo e veja como funciona!
Eu costumo contar que sempre escrevi e li muito, por isso, escolhi cursar Letras. Mas, diante de tantas regras a seguir, recomendações de leituras "boas e adequadas" a fazer, passei a ler e a escrever menos. Sou avessa a regras e fórmulas, mas precisei fazer alguns cursos, mergulhar em autoconhecimento para entender e aceitar isso. Que bom que não sou a única. Obrigada por dividir sua história e seu processo conosco.
Adorei, Ale! Deixa eu te perguntar... como você faz pra estar antenada e consumir diversos conteúdos, mas não acompanhar aquilo que é muito próximo da sua área? Fiquei querendo entender como funciona isso. Me explica melhor?