Quando o carisma acaba...
ou a importância da rotina e da introspecção para a recuperação dos introvertidos!
“Desculpe, estou atrasado; eu não queria vir.” Comprei o livro não pela capa, mas pelo título! Ou, pelo subtítulo, que complementa “Um ano de uma introvertida dizendo sim”, que promete histórias divertidas e conselhos para os introvertidos ao longo da leitura, graças a uma delas, que passou 365 dias vivendo como… uma extrovertida. O livro “explora o que acontece quando alguém luta contra suas tendências naturais, se arrisca e tenta (às vezes falhando) ser um pouco mais corajoso”.
Já havia mencionado brevemente por aqui – e certamente em outras mídias nas quais já escrevi – o quão libertador foi descobrir o significado de introversão, que nada tem a ver com timidez. O TED O Poder dos Introvertidos foi não apenas meu ponto de partida, mas algo que me trouxe mais paz ao saber que nós, introvertidos, também temos nossos pontos fortes e vantagens neste mundo que parece privilegiar os expansivos, os amantes de trabalho em equipe, os que se reenergizam pela presença de muitos ao redor.
Ser introvertido não necessariamente tem a ver com timidez (há extrovertidos tímidos e introvertidos não tímidos), trata-se basicamente de como a pessoa se reabastece de energia: com a solitude ou com a multidão; com a calmaria ou com a agitação. Não é exagero dizer que ir contra sua natureza traz efeitos físicos, mentais emocionais.
Passei duas semanas em programações intensivas. Vendo pessoas, marcando compromissos, viajando, saindo da rotina (tão cara aos introvertidos, no geral), administrando pessoas e programas. Os mesmos fatores que deixariam o extrovertido com a bateria – e o carisma! – lá no alto me deixaram praticamente “de cama” por três dias, em uma exaustão que só o companheiro introvertido conseguiria entender.
Nem sempre a vida nos permite viver dentro dos nossos limites de personalidade 24/7 (nem sempre é um modo gentil e sutil de colocar as coisas!), então o que vale é o autoconhecimento para estipular os seus limites e saber voltar aos trilhos quando necessário. Respeite-se, mas, mais do que isto, entenda que ainda assim o carisma vai acabar, a bateria vai se esgotar, o limite vai ser ultrapassado. No fim, apenas volte; apenas reequilibre.
E um viva à rotina!