O quanto você deixou de ser você para ser a sua marca?
Nos últimos tempos, muita gente (mea culpa!) pode ter te feito acreditar que o branding era tudo o que você precisava no seu negócio, no seu trabalho. Mas esta ideia saiu um pouco dos trilhos...
Foi em algum texto recente da Carol Sandler (já assinou a newsletter maravilhosa dela?!) que ela mencionou como, em dado momento, sentia-se cumprindo requisitos que fizessem dela uma extensão da marca que havia criado. Carol , para quem não conhece, teve uma pioneira e bem-sucedida empresa de conteúdo de finanças pessoais, nascida bem antes do boom que dominou todas as redes sociais nos últimos anos. E se a marca nasceu como uma consequência orgânica de quem ela era, lá pelas tantas ela sentia a necessidade de se portar como uma consequência do que o Finanças Femininas (nome de seu negócio) deveria significar no imaginário alheio.
Não sei se fui tão literal na leitura que fiz do que a Carol escreveu, porque a verdade é que este assunto do "eu que preciso ser em público de acordo com o branding" já estava há tempos no meu rascunho. Não só no meu rascunho, mas também no meu cotidiano, nas minhas conversas comigo mesma, nas análises que teimo em fazer de tudo que cruza meu caminho.
Eu amo (ou o tempo verbal mais adequado já seria outro?!) branding. Criei um negócio para falar disso em 2014. Já escrevia posts deste tema uns quatro anos antes desta estreia oficial. E sigo acreditando no branding como uma ferramenta poderosa para posicionar e comunicar o que você (ou sua empresa) é. Mas quando o ruído em volta inverte a ordem dos fatores, fazendo com que você seja o que precisa comunicar, o produto é, sim alterado. Quando o branding vira uma cartilha que te obriga a ter um jeito de falar, uma planilha de posts exatos a cumprir e até mesmo um comportamento cotidiano que não necessariamente tem a ver com você.... todos saímos perdendo.
Eu não sei se a esta altura do campeonato eu tenho ~lugar de fala~ pra propor um anti-branding para nós. Nada assim tão diferente do que eu já apresentava nos meus textos, palestras e cursos: algo que ignore receitas, fórmulas e todos os "tem que" possíveis e te permitam ser você. Que te deixe apenas existir no mundo mostrando sua personalidade, seus assuntos de interesse, suas especialidades, aquela coisa que você faz de maneira tão natural que nem mesmo lembra que é um dom.
Não sei se a aposta no que é apenas genuíno, autêntico e sem tantos business plans vai te levar para o anunciado "oito em sete" dos gurus. Mas com certeza vai te deixar mais leve e com a saúde mental em dia!
E por falar nisso... Você não precisa de branding – não tanto assim!
Eu ainda amo branding. Sigo acreditando que entender e comunicar o seu posicionamento faz sua marca ganhar valiosos pontos. Mas tenho sérias ressalvas ao "branding" em versões adaptadas para o mundo instagramável, onde parecer vale infinitamente mais do que de fato ser. Especialmente com a crença de que todo mundo precisa de branding para existir, para começar, para fazer qualquer coisa profissionalmente. Mais um curso, mais uma consultoria, mais um livro de regras...
Então eu me sinto no dever de te contar: você não precisa! Nem do meu curso nem do de ninguém. Pode querer, pode fazer, pode desejar (eu sou maria curso e te entendo completamente). Mas daí a não poder dar dois passos enquanto não os tem... esqueça isto!
Não adianta mais fazer branding pra comunicar mentiras – esta pirâmide vai ruir. O branding pelo nome é o que faz marcas usarem uma imagem de beleza limpa mesmo sem terem produtos e políticas limpos; é o que dá a ideia de expert a alguém que pouco se preparou para tal especialidade. É o que permite que alguém venda a receita para ficar milionário ainda que só tenha ficado milionário por conta da venda da receita! A falsa ideia (que nem sempre mostrou-se falsa) de que você pode comunicar qualquer coisa, mesmo que uma mentira.
Busque melhorar, aprender, estudar. Mas acredite: muito do que se destaca em comunicação online hoje começou de maneira intuitiva, orgânica, espontânea. E talvez você consiga fazer muito mais olhando para dentro e seguindo sua intuição do que acumulando todos os cursos, consultorias e regras que os posts no instagram juram que você precisa.
Anna Wintour: à prova de cancelamento, por quê?
"Parece que nenhuma quantidade de notícias negativas pode abalar sua posição. A mera menção do nome de Wintour é suficiente para evitar que os anunciantes tirem dinheiro das revistas Condé Nast. Seu telefonema é o suficiente para conseguir que uma marca patrocine uma exposição de museu por milhões de dólares. Ela é, em uma sociedade capitalista, exatamente o tipo de pessoa que uma empresa como a Condé Nast quer manter a todo custo, não importa quão excludente tenha sido seu estilo de liderança."
O trecho é da comentada biografia de Anna Wintour, recém-lançada nos Estados Unidos (você já tinha lido sobre a autora Amy Odell por aqui). E ela traz uma reflexão importante: os fins (resultados) justificam os meios? Na era do cancelamento em que vivemos, com novas gerações bem menos dispostas a normalizar o que hoje entendemos como assédio moral, Anna Wintour segue em alta. Mais do que isto, segue em um cargo de poder. E com certeza não é por falta de polêmicas e acusações – o filme O Diabo Veste Prada completou quinze anos de seu lançamento.
Muito tem sido revisto aqui e ali. Discursos e posturas nada inclusivas afundam qualquer negócio em 2022. A exigência da geração Z é, definitivamente, diferente da que a geração X ousava imaginar. Mas qual o limite do aceitável? E o quanto este aceitável (ainda) é impactado pelo que é lucrativo e influente?
O quão disposto(a) para a exposição digital você está?
E para completar esta edição da Amo News mais, digamos, reflexiva, trago outra provocação. Muito se fala sobre como tudo e todos querem fama, querem números, querem plateias digitais. Mas quantos estão de fato dispostos a pagar o preço? E, mais ainda, por que é que temos mesmo que ter preços tão altos atrelados à exposição?
Assisti nos últimos dias uma série-documentário sobre o fenômeno das irmãs D'Amelio, americanas que ainda na adolescência se tornaram celebridades digitais – Charlie, a mais nova, é a pessoa mais seguida do Tiktok. A-pessoa-mais-seguida, mesmo quando comparamos com artistas de Hollywood ou famosos da música.
Entre tapetes vermelhos, premiações e muitos recebidos, o que vemos na série é a luta travada pelas irmãs contra crises de ansiedade, burnout, fobia social. E só vai julgar como mimimi ou reclamação sem fundamento aquele que nunca se expôs minimamente e/ou que jamais enfrentou questões de saúde mental.
Nota pessoal: eu tenho uma teoria a respeito da fama digital de números estratosféricos e ela compara esta exposição ao mar. Você tem aquela parte "piscininha", na qual é muito gostoso ficar; mas o objetivo de fato de uma maioria só está mesmo depois da arrebentação, que é onde as ondas estouram. Pra "chegar lá" (duplo sentido!), você precisa estar disposto a tomar muito caldo, embolar em muita onda, beber muita água salgada.
Extra Amo Branding: mais uma fase que se encerra!
Já abro este tópico lembrando de tudo que a gente conversou ali em cima, viu?! Você NÃO precisa de mais um curso!
2 de junho de 2022. Exatamente no 2º aniversário da estreia do primeiro workshop online da Amo Branding, eu me preparo para dizer adeus a esta fase. Foram algumas temporadas, alguns alunos (não faço mais esta contabilidade enumerando pessoas!) e uma enorme gratidão à plataforma que me permitiu levar meu trabalho mundo afora mesmo quando estávamos todos trancados em casa.
Se ainda haverá presenciais ou mesmo se ainda haverá a marca Amo Branding, eu não sei responder. Mas é hora de encerrar de vez os workshops online com uma chamada final para quem quer se inscrever nos avulsos (o programa Amo Branding Online completo foi encerrado no fim de 2021 – alunos inscritos seguirão com acesso ao conteúdo durante toda a validade de suas inscrições).
Para quem quer uma visão do branding que não tem fórmulas, não tem "tem que", não tem receita pronta; para quem quer insights simples de posicionamento online e offline; para quem quer saber como levar o melhor de si para o posicionamento de sua marca e, sobretudo, para quem quer entender como o autoconhecimento e a fidelidade a sua essência podem ajudar sua empresa... taí meu convite para esta última chamada.
Os workshops foram gravados em 2020, no auge da quarentena, não têm nenhuma superprodução, mas são focados no que importa: o conteúdo pró-marca.
Listas de aulas, valores e um pot-pourri de cenas podem ser vistos no link amobranding.com.br/amo22. Obrigada a quem esteve e quem estará comigo neste projeto que será para sempre inesquecível!
Aiiii eu amei! Ninguém tem que nada, amiga! ❤️
Isso aí. Não existe fórmula certa. Seguir mais nossa voz interna :) parabéns