O período sabático que dá pra tirar...
... finanças, estrutura familiar, responsabilidades pessoais e profissionais: são muitas camadas que influenciam um período sabático possível. Spoiler: qualquer tipo é valioso para a criatividade!
Acompanhei nas últimas semanas o invejável mês sabático da substacker inglesa em Nova York. Ela própria fez questão de pontuar todos os privilégios que a permitiram tal feito, a começar pelo fato de não ter filhos. E, sim, este fator entra como uma diferença importante: meu trabalho é tão remoto como o dela, eu tenho algumas opções de mobilidade (talvez não como um loft emprestado no Brooklyn, ok!) e algum punhado de outros privilégios, mas não me imagino longe da minha filha por um período tão extenso. E é fato que meu ir e vir precisa de muito mais planejamento do que em 2012, quando cheguei a emitir com milhas – bons tempos! – uma passagem internacional com 24 horas de antecedência para uma viagem completamente não programada.
Emma parece ter voltado para a Inglaterra cheia de pique, de planos, de projetos... um turbilhão de ideias que só um afastamento temporário da realidade costuma produzir. Como se fosse um "sair de nós para nos enxergarmos". Viajar – para o outro lado do oceano, para a cidade ao lado ou para a distância de uma ponte-aérea –, colocando a rotina em perspectiva, tem este poder. Sei que o sofrimento já originou lindas letras de música, inesquecíveis livros clássicos e belíssimas obras de arte, mas a alegria pode nos alimentar de criatividade e de força para planejar, produzir, pensar adiante.
Tenho um quê de arrependimento de nunca ter morado fora por motivos tão infantis como medo, namoro de juventude que não ia dar em nada ou ascendente em câncer com apego ao conhecido. Tanto que minha simples mudança de cidade em 2006, de uma capital para a capital do estado vizinho, foi tomada num impulso de "horas para responder a uma proposta" + meses de solteirice entre um e outro namoro + insatisfação rara com a zona de conforto. Eu encarei e encaro São Paulo sem ser daqui, mas a verdade é que eu sou uma baita de uma medrosa que só se deu conta do feito uns seis meses depois.
O tempo passou, a vida mudou, o ano sabático mundo afora não é mais uma opção. Nem o mês. Mas que tal a semana? Que tal a cidade que me é tão familiar, mas já me parece tão distante – ainda que fisicamente e emocionalmente próxima – em tantos sentidos? É pra lá que eu vou. Agora, daqui a pouco, mês que vem e no outro também. Vou do jeito que dá, cortando meu ano/mês sabático em várias fatias de cinco ou dez dias, indo e vindo, tomando ar (e ideias) e voltando à vida real.
Criativos de todas as espécies precisam de sabáticos. Do jeito que der, da forma que couber no bolso (ou na agenda), do tamanho que sua vida real permitir. A gente não precisa de um loft emprestado no Brooklyn nem mesmo de um avião que cruze o oceano para ir ali adiante oxigenar as ideias...
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