O apagão dos tempos pós-pandêmicos – o que é e como superá-lo
Esta é uma edição da Amo News que fica no meio do caminho, entre a seleção habitual de dicas & notícias e os meus textões reflexivos; mas precisamos falar sobre este assunto!
Fiquei na maior dúvida se esta edição da Amo News não deveria ser publicada na seção “Textões da Ale”, na qual compartilho reflexões pessoais. Porque, sim, não deixa de ser uma espécie de reflexão. Mas, ao mesmo tempo, o apagão criativo e a saturação digital são fenômenos (fenômenos?!) quase onipresentes nestes tempos em que o avanço da vacinação volta a trazer tempos mais normais para o Brasil. E se é tendência a ser observada, vale ser tema de Amo News, ainda que em um formato atípico, certo?
A PESQUISA INDICA: ESTAMOS EXAUSTOS
Há um ano e oito meses, a pandemia era decretada e o começo do resto das nossas vidas mostrava a cara. Houve muita tristeza, muitas perdas e muitas dificuldades em todos os aspectos – físico, financeiro, mental. E, do outro lado, teve muita reinvenção, muita digitalização, muita mudança de rota. O ecommerce acelerou cinco anos em um. O conteúdo vinha de todo lugar. Muita live, muito curso online, muito Zoom. Todo mundo ensinou e aprendeu. E, em um cenário tão inesperado, a gente não teve muito tempo (ou preparo) para fazer uma curadoria, para estabelecer prioridades. Quem não comprou mais curso do que deu conta de assistir? Quem não sentiu um incômodo com tantos “arraste pra cima” nos insta-stories (será que por isso o Mark aboliu o formato, trocando-o pelo sticker?)? Quem não fez – ou quis fazer – um detox digital?
Fiz uma pesquisa informal no meu instagram semanas atrás que confirmava todas as minhas desconfianças, baseadas também no meu comportamento de consumidora. A gente consumiu demais, acelerou demais, se informou demais e quis fazer demais. Justamente em uma época tão desafiadora na qual a energia precisaria ser poupada. E o resultado disso é que estamos todos muito cansados. Cansados de informação. Cansados de computador. Cansados de produzir sem parar, na rodinha do hamster que o algoritmo tenta nos impor.
A EXAUSTÃO QUE LEVA AO APAGÃO
O resultado de tanto conteúdo entrando (e muitas vezes saindo, no caso de todo mundo que se tornou marca nestes tempos) é um apagão criativo. Se você olhar ao seu redor, verá muitos influenciadores grandes mais ausentes das redes; verá muita gente que vive de internet questionando seu papel; verá uma porção de produtores de conteúdo experimentando novas ferramentas, novos formatos, novas periodicidades. E verá ainda muita gente se dando conta de que o que parece um apagão criativo é, na verdade, o despertar de um burnout que passava despercebido.
SOMOS TODOS BLOGUEIROS!
Um traço marcante dos tempos pandêmicos foi ver que (quase) todo mundo de todas as áreas passou, finalmente, a se enxergar como marca. Marca de conteúdo. Colocar a cara nas lives do Insta, escrever posts de dicas e educar um novo mercado por meio do Twitter tornaram-se fatos corriqueiros mesmo para quem, antes, achava que tudo isso era “coisa de blogueiro”. Só que, quarentenados por tanto tempo, privados de tantas coisas, nos demos conta de que SOMOS TODOS BLOGUEIROS!
E COMO RECUPERAR A CRIATIVIDADE?
• Menos fontes, mais foco: quem é nerd não vai parar de ler, de estudar, de consumir conteúdo – oras, esse é nosso recreio também! Mas reduzir as pilhas de livros, de cursos, de perfis pode nos ajudar neste processo. Um livro que curiosamente eu havia lido meio em leitura dinâmica em 2017 (sem me apegar muito) e resolvi dar uma nova chance neste mês foi o tão comentado Essencialismo. Se há quatro anos ele não conversou muito com o meu momento, agora tem sido um poderoso lembrete para aparar arestas!
• Autoconhecimento não é clichê: vale meditação, vale terapia (ô, como vale!), vale só parar pra respirar. Só não vale entrar no looping de só consumir frases de efeito ou de viver no piloto automático sem se dar cinco minutos do seu dia para olhar para dentro e se perguntar “por que eu faço o que eu faço?”.
• Produza só pra você, só por hobby: profissionalizamos demais a produção de conteúdo digital. Do nada, tudo virou algoritmo, estratégia, guru, produto, ordem de clicar, dar like e encaminhar. O prazer do compartilhar espontâneo perdeu-se em meio a tanta pressão.
Comece uma newsletter para dois assinantes; monte um perfil de dicas no instagram que terá inicialmente 30 seguidores; compre um Moleskine no qual você vai escrever só pra você mesmo – seus sonhos (sonho mesmo, aquele quando estamos dormindo), seus insights, suas observações cotidianas. Repensar a maneira como construímos com as palavras nos ajuda a fazer construções mais sólidas.
Nós somos, sim, uma marca; nossos negócios dependerão para sempre de nossa imagem de marca (a marca pessoa física é um caminho sem volta); produzir conteúdo é o maior ativo de valor para qualquer produto ou serviço. Mas o lado humano é o mais importante alicerce de qualquer posicionamento. E todos fomos exigidos além da conta em 2020 e 2021. Uma revisão de freios, bateria e óleo é imprescindível antes de pegar a estrada de 2022!
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