Gosto quando não é sobre negócios...
Uma mensagem que reflete um (in)consciente coletivo, uma reflexão sobre os rumos do conteúdo em 2025 e o desejo pelo qual a internet está gritando!
"Gosto do seu conteúdo... quando não direcionado ao business." Com esta mensagem, uma leitora fez o upgrade para o plano pago do Daily 40s, minha segunda newsletter (já assina?!). Mal sabia ela que, além de elogiar meu caminho consciente nesta newsletter-hobby-plano B – o que por si só já me deixaria feliz –, ela confirmou um movimento que me é cada vez mais nítido nesta minha constante observação da internet: queremos nos distrair!
A própria criação do Daily 40s, não se enganem, foi reflexo de uma necessidade como criadora e como leitora. Passo horas assistindo a histórias aleatórias de desconhecidos na internet, mas fujo depressa de qualquer conteúdo que se proponha a me ensinar a ganhar mais dinheiro, mais seguidores, mais relevância. Não por não gostar (ou precisar!) de dinheiro nem muito menos por me achar superior a quem está na internet em busca de likes – não somos, estamos todos no mesmo barco, mesmo que a gente nem sempre perceba.
O grande X da questão é que está todo mundo cansado, como um hamster na rodinha. 2024 foi um ano denso em muitos sentidos e existe um (in)consciente coletivo que está deixando muita gente com a sensação de estar acabando de correr uma maratona emocional. E o que a gente faz depois de uma maratona? Deita e come carboidrato. Na versão emocional? Senta pra consumir uma bobaginha, uma futilidade, um texto que não se propõe a nos melhorar em nada.
Talvez eu já tenha falado isto por aqui, já que neste ano apresentei um encontro sobre Conteúdo como Negócio – e ainda acredito nesta vertente, tá? O que muda não é o potencial lucrativo, mas sim o “produto” que vai ser monetizado. 2024 foi o ano que mais chacoalhou estes modelos e, poderia quase apostar, 2025 será o momento de maior mudança para criadores e leitores: ficará para trás quem insistir em algo que foi extremamente rentável nos últimos cinco anos.
Pode ser que seja apenas uma fase, um respiro, uma pausa depois de toda a tormenta pandêmica e tal.... pode ser que nos leve de volta para um 2008 que nunca deixaria de ter existido na internet. Mas são enormes as chances de uma necessidade de reinvenção de todos os envolvidos, de todos os lados. Adulto também precisa de recreio. Os da atualidade provavelmente precisam mais ainda!
Tanto aqui na Amo News – que fala, sim, sobre visões de negócios, mas (tento!) com um tempero pessoal – como no Daily 40s e nos meus Notes, busco trazer o máximo de recreio possível. Eu tenho a mania de, desde 2004, escrever na internet exatamente aquilo que eu queria ler.
Mas também tenho na internet meu trabalho e o vendo sem nenhuma culpa ou sensação de estar caçando pessoas com gatilho. E, assim, com esta minha atual visão de conteúdo como uma possibilidade de negócios – que foge da caixinha dos gatilhos, das fórmulas e das pirâmides –, eu aviso que a versão online do Insiders 2024 (sobre... Conteúdo como Negócio) está com inscrições abertas até sábado (30.11). NÃO se inscreva se quer aprender apenas a ganhar dinheiro, seguidores ou likes; mas saiba que são papos que podem fortalecer sua capacidade de transformar seu conhecimento, sua curadoria ou sua influência de qualquer tamanho em algo monetizável. Sem culpa, com ética, em um ganha-ganha para quem vende e quem compra de você!
O Insiders Conteúdo como Negócio – que em 2024 teve três edições lindas presenciais – ganhou esta versão online, de aulas gravadas e acesso por um ano, especialmente para quem não pode estar comigo ao vivo. E, sem gatilhos, adoro poder ter mais de vocês consumindo este material que preparei com muito estudo, experiência, observação e cuidado!
Em tempo: uma aula bônus inédita sobre os rumos do conteúdo em 2025 será adicionada em dezembro.
E voltamos à programação normal...
E a tal da comunidade?
É um tal de todo mundo falando em comunidade. Esta poderia, talvez, ser a palavra do ano. Esteve na mira de influenciadores, escritores, vendedores de cursos. É, sem dúvida, o desejo do momento, a pedra preciosa da internet. Nada contra, até porque muito provavelmente já usei e busquei este objetivo. Algumas vezes. Não há, afinal, nada mais poderoso quando se fala em em engajamento e resultados. São os tais fãs fiéis, que Kevin Kelly (fundador da revista Wired) transformou em fase célebre ao dizer que nenhuma empresa precisa de mais do que 1.000 deles. Sim, se um negócio – ou influenciador – tem mil pessoas REALMENTE conectadas, ela vende tudo que precisa.
Mas a palavra mais falada dos últimos tempos é também uma fonte de má-interpretações, algo compreensível na era dos números digitais superlativos. A gente pode querer milhões de seguidores e pode querer escalar a níveis inimagináveis; também pode querer a comunidade. Mas é importante lembrar: os dois desejos não andam juntos. Até mesmo a teoria dos 1.000 fãs verdadeiros de Kevin Kelly mostra-se meio descompassada com o conceito (real) de comunidade. Comunidade são os micro-eventos; comunidade são os grupos nos quais ainda dá pra saber o nome e a história de todo mundo; comunidade é o encontro em que as pessoas interagem em torno de temas em comum.
Comunidade não precisa ser toda a clientela de uma empresa nem toda a base de seguidores de um influenciador. Ela está mais para um sub-sub-sub-grupo disto. Não há um número exato que defina a tal da comunidade.... mas é mais fácil encontrá-la em um time de dez do que nas casas dos centenas de milhares ou milhões.
Phygital: teoria ou realidade?
Nem faz tanto tempo assim (ou faz? a lacuna pandêmica ainda me confunde!) surgiu no mercado o conceito "phygital". O mix das ideias do físico com o digital apresentava-se como uma tendência que uniria as duas frentes nos negócios. Mas na teoria.... a prática ainda é outra. Mesmo com as compras online em constante crescimento, raríssimas são as marcas que não tratam site e loja física como empresas diferentes – muitas vezes com estoques, operações e até CNPJs distintos. A troca de um item comprado em e-commerce ainda é arcaica, dificultada, demorada. Nem pense em contar com a ajuda do físico para resolver um problema: sair do bot de Whatsapp e chegar a um ser humano real já é uma vitória.
Claro que é preciso calçar os sapatos do empresário e entender que processos são complexos. Mas na falácia do conceito phygital perdem a marca e o consumidor – um exemplo aleatório oposto é a Zara, site no qual compro sem medo porque sei que, se o tamanho ou o modelo derem errado, posso ir a uma loja física, devolver e ter o reembolso na hora no meu cartão. Sem entraves. Quantas compras você já deixou de fazer por não sentir-se segura em adquirir algo cuja devolução seria uma dor de cabeça?
Afinal, o que é (ou não) UGC?
O post da Liliane Ferrari no Linkedin é uma aula sobre UGC. Inclusive para mim. Nos últimos tempos, muito falou-se no marketing de influência sobre UGC, em português o "conteúdo gerado pelo usuário". Mas como tudo que dá resultado – e dá! –, as marcas logo encontram suas maneiras de capturar como estratégia interna. E o post espontâneo e livre de amarras comerciais ganha briefing, cachê e até roteiro.
"UGC é um conceito que parte da VERACIDADE do testemunho.", abre Liliane sobre como tudo começou. As marcas primeiro passaram a repostar estes reviews sinceros de microinfluenciadores ou pessoas comuns, que nem mesmo veem – ou viam – na internet uma fonte de trabalho. E na exaustão da pouca credibilidade da grande influência (ao menos de parte dela), os microrretornos somados tornaram-se interessantes a ponto de... tornarem-se negócio.
E é aí que entra a reflexão de Lili Ferrari: "UGC pode ser um texto avaliando livro na Amazon, ou uma foto na página do hotel no Tripadvisor, UGC pode ser estimulado e recompensado pela marca (como fez Boca Rosa Company pedindo para quem comprou base postar com a # do n° da cor criando um banco de referência de tons) mas UGC não pode ser comprado". O desafio para marcas que querem o verdadeiro UGC? Tornarem-se relevantes e interessantes a ponto de gerar este compartilhamento. Todo o resto é publieditorial maquiado por outro nome...
Em tempo: nada impede que você, microinfluencer ou pessoa comum que não trabalha com internet, faça seus UGCs espontaneamente e, com isto, encontre uma futura fonte de renda com os publis que podem nascer deste portfólio-experiência. Inclusive arrisco-me a dizer que foi exatamente assim que nasceram quase todos os grandes influencers na década passada.
O nicho é o novo grande
Microcultura. Esta é uma das apostas do WSGN, segundo palestra dada no RD Summit 2024. Impulsionada pela geração Z, a tendência sugere "um momento no qual o consumo de conteúdo passa a se basear em interesses específicos em vez de uma cultura compartilhada por todos; ou seja, não teremos mais uma cultura pop mainstream, e sim comunidades com interesses semelhantes", diz Daniela Dantas na apresentação.
Levam a melhor os criadores, as comunidades (olhaí a palavra de novo!) e as plataformas de nicho – Substack, eu escutei Substack?! Na era dos excessos, esta pode ser apenas uma das respostas para não sermos inundados por tantos, por todos, por tudo...
Parece que realmente todo criador de conteúdo está falando ou construindo sobre comunidades. No sentido mais de criar uma fonte de renda recorrente do que formar a comunidade em si.
Só esquecem que renda recorrente traz de bônus um trabalho recorrente. Será que todo mundo tá preparado pra isso?
Nesta semana encerrei a primeira turma da minha comunidade Carreira em Movimento. 22 inscritos e 11 participantes ativos. Foi tão legal que seguiremos juntos em 2025. Estou cada vez mais "apegada" aos números reais com resultados também reais. Pra mim, a verdadeira comunidade vai desabrochar em 2025.