Dezembro chegou: quem é você neste fim de 2024?
Arrumar fora para arrumar dentro pode ser necessário; depois de tempos densos, desapegar de itens, hábitos e bagunças físicas nos ajuda a virar o ano com mais leveza – no trabalho ou na vida!
Esta é a última edição aberta da Amo News de 2024. Envio-a aberta não para vender nada nem anunciar coisa alguma – ocasiões em que, admito, tendo a produzir mais material gratuito.
Neste exato momento, dia 3 de dezembro, vejo que há aqui 56% mais pessoas do que havia em 1º de janeiro deste mesmo ano. Isto é um privilégio: crescer em público que quer ler textão dentro de um país em que pouco se lê. E, se minha linguagem de amor é oferecer palavras, agradeço desta forma. Com um texto. Em retribuição pela confiança, por cada recomendação, por cada mensagem ou comentário.
Para os assinantes dos planos pagos, ainda teremos mais três boas semanas de 2024 pela frente!
Faz mais de um ano que escrevi uma edição da Amo News traçando o paralelo entre a arrumação da casa e a das emoções: o post que até hoje está entre os mais lidos da newsletter contava como uma organização física trouxe nova energia para minha mãe depois de tempos difíceis.
Mais eis que vivemos 2024, um ano denso em muitos aspectos para muitas pessoas. Nem precisa mergulhar nos noticiários, acredito que baste olhar em volta: houve quem descontasse na (má) alimentação, houve quem descontasse no cartão de crédito, houve quem descontasse no trabalho e até quem descontasse na atividade física acima do saudável. Eu não sei como foram os últimos doze meses de todos que vão ler esta edição – e torço para que tenham sido os melhores possíveis –, mas escrevo para aqueles que também sentem-se meio descompassados ou emocionalmente exaustos neste clima de fim de ano... Dividirei com vocês o que ando fazendo por aqui (sim, também fiz um Ironman emocional neste 2024)!
Não leve o personagem pra cama
Todo mundo, sem exceção, tem "duas vidas": a pública/profissional e a pessoal. Na última década, fomos ensinados a transformar a primeira em reality show roteirizado – esqueça a espontaneidade, contrate um copywriter profissional; mostre seus bastidores; tenha forte presença digital. Como cria da internet, jamais seria hipócrita de dizer que estas coisas não funcionam (ainda que eu sinta saudade de quando os resultados não nasciam de roteiristas externos, fórmulas prontas ou disposição para o cancelamento). Mas o "vista isto, fale aquilo, em trezentos metros vire à direita" que é exigido no público/profissional não leva em conta seu lado A. Aquele que representa quem você realmente é, com suas emoções não trabalhadas, com suas batalhas pessoais e aquelas adversidades familiares que surgem quando você menos espera.
O ser humano de verdade – tenha ele 100, 1.000 ou 1 milhão de seguidores – roda todos estes pratinhos. Tudo bem querer bater metas no seu trabalho e até seguir o que os gurus te orientam, mas há (muitos) momentos em que vale a pena perder um seguidor, uma oportunidade e uma subida de degrau para dar atenção para aquela parte de você que, na verdade, é quem sustenta o personagem.
Não sufoque o artista!
Uma recente trend divertida do Tiktok usava esta frase para se referir àquelas perguntas que gostaríamos de evitar ou a coisas que não queremos fazer. Se você é uma pessoa com dificuldade de dizer não – e, em dezembro, são muitas oportunidades nesta linha, hein! –, trabalhe isto ainda neste mês. Melhor ser o chato que não topa o amigo oculto ou o furão ruim de networking do que o dilacerado que já começará o ano novo com a bateria baixa.
A hora do desapego: ideias...
Pode ser uma ideia, um item, um hábito. A verdade é que, especialmente no Brasil, existe um conceito de "fracasso" ligado a mudanças ou encerramentos. Como se a gente tivesse que casar pra sempre com um projeto do jeito que ele foi desenhado no dia zero, sem jamais recalcular a rota. Eu acho curioso o fato de ser percebida por outras pessoas como "alguém que tem facilidade com mudanças", quando na verdade sinto que estou fazendo exatamente a mesma coisa há vinte anos – escrevendo na internet. Mas se numa conversa de duas horas com uma amiga a gente vai mudar de assunto várias vezes, como não trocaria o tema em duas décadas?
A hora do desapego: hábitos...
Eu mudei muitos hábitos neste segundo semestre. E eles me fizeram muito bem. Mas vejo uma coisa perigosíssima nas redes sociais – mesmo que com a melhor das intenções: chamar de prioridade o que é, antes de tudo, privilégio. Eu enxergo com muita clareza que minhas relações com alimentação, atividade física, estudos, trabalho e até religiosidade partem de um ponto extremamente privilegiado. Apresentar no insta como "se você não está fazendo tal coisa diariamente é porque não está priorizando o que importa" é muito problemático, mais ainda em um país tão desigual como o nosso. Por isto, eu amo outra trend jovem que diz "fiz o que deu em 2024". Faça o melhor que puder, mas não se culpe nem se diminua no caso da sua rotina não comportar algo que você até amaria fazer. Vá no seu tempo, na sua possibilidade, na sua realidade. Apenas vá!
A hora do desapego: bagunças...
Uma história que sempre repito é a que ouvi em uma palestra do Eugenio Mussak anos atrás: ele relatava que em uma conversa sobre como despoluir um determinado rio a resposta mais simples surgiu – "parar de poluir". Uns mais, outros menos, somos acumuladores ou maximalistas. Compramos além do que precisamos, estocamos sem necessidade e temos múltiplos itens com a mesma finalidade. E seguimos comprando. Mantendo o mesmo raciocínio do tópico acima, se possível, tire um dia para fazer uma baixa daquelas: não apenas para tirar o que não usa, mas para fazer uma análise sincera do que é excesso; não somente para eliminar peças físicas, mas para limpar desktops de computador, aplicativos no celular, datas marcadas que trazem ansiedade apenas de pensar em como estará em todas. No lado físico, o seu "um(ns) a mais" pode ser a alegria de outra pessoa. Mas, se não der para enxugar todos os acúmulos ou bagunças já produzidos, ao menos prometa-se não seguir inserindo itens nesse balaio!
Para quem fica na versão gratuita da newsletter, meu muito obrigada pela companhia e um desejo de um dezembro leve e um feliz ano novo; para quem segue ou vem comigo na Amo News Premium, até a próxima semana, com mais papos sobre tendências, observações e um dossiê sobre os rumos do conteúdo em 2025.
Parabéns pela News.
Amei todas as dicas. \o/
Um excelente final de ano e um ano vindouro cheio de realizações. ;)
Adorei a edição, Alê!
Sobre esse lance de parar de poluir e consumo, ando muito reflexiva sobre isso e disposta a empreender umas mudanças na minha vida para direcionar melhor meus recursos.
Ótimo final de ano pra você, Alê! Inté 🌻