Dá pra trabalhar (e viver) com mais leveza?
A minha geração está brava (e exausta) no Linkedin e é compreensível. Mas foi exatamente esta geração que criou os coaches da produtividade, a ideia do trabalho que suga a alma e que só serve se doer.
"Trabalhe enquanto os outros dormem." "Fruto só dá suco quando é espremido." "Tem hora pra entrar, mas não tem hora pra sair." Estas – e outras frases – foram por anos lema de toda uma geração profissional. É provável que tenha começado ainda com os boomers, mas tomou força entre a turma da geração X e os mais velhos millennials.
O mesmo raciocínio seguiu para o digital quando ele nasceu – porque, sim, minha geração testemunhou o início do digital desde a internet discada pra papear no mIrc. Negócio, pra ser bom, TEM QUE escalar. Infinitamente. De preferência, com todo o tráfego pago e todo o email marketing que te tornam onipresente até a meta do 8 (dígitos) em 7 (dias). Trabalhar na internet mirando falar para poucas dezenas num evento ao vivo parece coisa de perdedor; ter um perfil sem no mínimo seis dígitos de seguidores? Deus nos proteja!
Vem então a glamourização de mostrar em 100 pontinhos de stories o quão ocupadas, produtivas e preenchidas são suas 24 horas. Vem em textos do Linkedin a braveza contra os jovens que priorizam mais qualidade de vida do que um acúmulo de conquistas que levam-nos sabe-se lá pra onde. Vem o burnout e, pior, a normalização do burnout. Dá-lhe medicação.
Pra que esta pressa? Para onde, mesmo, estamos correndo o tempo todo? Qual, afinal, é a definição de ser bem-sucedido? A geração Z é "mole demais" ou fomos nós, os "gen X sangue nos olhos", que trouxemos um peso além do que, como humanos, podemos suportar?
Já há pesquisas que ligam a qualidade de vida e o bem-estar (privilégios em um país tão desigual, eu sei, e vale o disclaimer) a melhor produtividade, inclusive. Mas talvez estejamos ocupados demais para ouvir com atenção – e dar credibilidade – a uma geração que chega agora. Mais vale o duelo intergeracional. A verdade é que as coisas mudam o tempo todo mesmo e perde quem tiver a síndrome Gabriela do "serei sempre assim".
Leia clássicos, leia best-sellers; ouça os mais velhos e consuma jovens gen z no Tiktok. Vários, pode apostar, têm muita coisa interessante para nos ensinar.
Última chamada para o Amo Insiders deste sábado!
Enquanto envio esta edição na quinta (23.5) à noite, restam três vagas para a última edição do Insiders do semestre. Sou suspeita, claro, mas recomendo fortemente para criadores, escritores, profissionais e donos de marcas que têm no conteúdo parte importante de seus trabalhos (e todos temos de alguma forma, né?!). No papo, os cases bem-sucedidos de diferentes possibilidades de negócios de conteúdo, como vencer estrategicamente o desafio da precificação/monetização correta, as boas fontes de criatividade e o branding intencional que eleva seu conteúdo para um âmbito mais profissional. Detalhes e inscrições finais no botão abaixo!