Você tem ou pensa em ter uma newsletter?
Na semana em que as redes sociais pararam e nos mostraram nossa vulnerabilidade, (re)pensar sobre mídias proprietárias voltou à pauta.
Bom dia!
E chegamos ao fim da semana que começou com a pane que tirou do ar por sete horas a trinca de ouro de Mark Zuckerberg – Whatsapp, Instagram e Facebook ficaram indisponíveis ao mesmo tempo. Tenho certeza que, depois de tantos memes, análises e matérias sobre o tema nos últimos dias, você não deve mais aguentar o assunto. Prometo não lançar mão de um parágrafo a la “aprendizados que a queda do Instagram nos traz” ou coisa do gênero. Mas é impossível não aproveitar a deixa para bater na tecla do que eu mais falo em todos os meus cursos nos últimos sete anos e meio: o que é do Mark não é nosso, ter isto em mente é fundamental.
Vejo como assustador que tantos negócios hoje dependam integralmente destas ferramentas para fazer suas vendas. Sim, elas são um baita aliado no posicionamento e comunicação de marca, mas não deveriam se sobrepor à importância das mídias proprietárias (site, blog ou newsletter).
Porque MUITA gente gosta de encher a boca com a frase “quem lê blog hoje em dia? quem abre e-mail?”, mas, na hora do vamos-ver, se o Mark sumir são estas casas próprias que vão te permitir sempre recomeçar.
Hora dos cobrandings não óbvios
Cobranding – sempre vale recapitular! – é a associação de duas ou mais marcas em um único projeto ou produto. Nos últimos anos, vimos crescer o números de influenciadores e artistas assinando linhas para empresas, em uma troca na qual a pessoa endossava o item e vice-versa. Mas o tom das escolhas nestas parcerias que envolvem pessoas físicas (quase) sempre é mais natural, com nomes da moda batizando roupas ou chefs de cozinha lançando jogos de facas.
Estender o raciocínio para nomes e mercados menos óbvios é o que traz o ar inédito necessário para diferenciação. Um bom exemplo é o novo cobranding da Arezzo: a marca de acessórios convidou a artista plástica Graziella Pinto para colorir tênis e bolsas em uma mini-coleção. Nesta associação de marca, todos podem sair ganhando. A artista (que tem um público mais específico, consumidor de arte) ganha mais projeção; a marca recebe uma nova plateia. Isto sem contar no consumidor, que terá uma opção mais acessível de alegrar os próprios olhos com as lindas criações de Graziella.
Humanos compram de humanos
Semanas atrás, comprei duas pulseiras da Camila Sarpi e me surpreendi com o cartão escrito a mão pela própria designer, que relembrava a ocasião em que eu a entrevistei para uma revista muitos anos atrás. Taí um exemplo prático do que os teóricos tanto falam sobre humanização de marca. Em pequenos e médios negócios, surpreender o cliente com atitudes assim é mais fácil e possível – fazer valer essa baita vantagem competitiva é fundamental.
Isto me leva a citar casos de novas marcas digitais, que por vezes sentem-se diminuídas na era das estatísticas na casa dos milhões. Quem tem 100 seguidores ou três alunos em seu infoproduto pode – e deve – aproveitar este momento para dar 100% de atenção à plateia (algo irreal quando os números são superlativos demais). O leitor/consumidor tem um papel importantíssimo e pode agir como consultor e divulgador direto, ouça-o e atenda-o com toda a disposição.
Por fim, uma frase do escritor Scott Hines sobre newsletters que ilustra também o raciocínio: "Ninguém pode dizer se você está escrevendo para apenas 10 pessoas no início. Somente você vê esses números. Escreva como se estivesse escrevendo para 10.000 pessoas desde o início, porque tudo o que é preciso é uma postagem se tornar viral e você realmente estamos escrevendo para 10.000 pessoas.”
Você passeia fora da bolha?
Somos seres múltiplos. Para ser interessante, é preciso ser interessado. Seu maior diferencial vem do conteúdo que você consome sobre o que está fora da sua área de trabalho. Tendo isto em mente, indico três perfis bem variados no insta: Bookster, para dicas de literatura; Cris Pinheiro Guimarães, para tudo sobre a cor na arte; Mania de Museu, para visitar acervos do mundo com curadoria e embasamento (este último, dica da Paty, da marca amada Care Natural Beauty).
Parênteses para meu próprio cobranding!
Já tem meses que eu tento, sem sucesso, retomar a parte de mim que mais amo: minha alma blogueira – que de fato faz blog! Se a autodisciplina não foi suficiente nesta missão, agora terei um compromisso extra (conto mais em breve) para ser consistente em meu 5 Sentidos, blog-hobby que criei para compartilhar meu processo de autoconhecimento e bem-estar.
No dia em que Mark caiu, foi pra lá que corri: o post Estamos Todos Digitalmente Exaustos, no entanto, foi rascunhado bem antes do caos digital da segunda-feira!
Análise de caso: Manu Biar
Este formato é dedicado para quem sente saudade dos posts do insta Amo Branding que traziam cases que merecem a análise. Para estrear, a professora de culinária Manu Biar, cujo trabalho eu estou a-do-ran-do (ela foi uma das minhas entrevistadas na série do Zoom que comemorou os sete anos da Amo Branding no mês passado).
Conheço a carioca há muitos anos e foi lindo ver como ela reposicionou seu negócio na quarentena – até então, ela pouco aparecia nas redes e oferecia apenas aulas presenciais. Seu programa Chez Manu Todo Dia, que oferece o beabá para quem quer planejar e fazer melhores refeições em casa, teve um relançamento nesta semana e a maneira como Manu monetiza seu dom é um baita exemplo prático de muito do que sempre falamos sobre comunicação de marca digital.
LINHA DO TEMPO
Muita gente ainda faz uma ideia errada do que é o mercado de cursos online. Em (boa) parte por culpa dos gurus que só falam de milhões de reais, de longe pode parecer que basta usar as receitas de marketing e gatilhos para vender muito. Mas não é bem assim… Como em qualquer negócio, só se sustenta no médio prazo quem tem lastro. Manu usa todas as suas experiências anteriores – dos tempos de advogada às aulas práticas que dava presencialmente em sua casa – para construir o background sério e responsável que hoje explica seus resultados.
MARKETING DE CONTEÚDO NA PRÁTICA
Logo que começou a quarentena, muita gente teve que reaprender a viver – sem sair para comer, sem ter ajuda doméstica. Manu entrou em cena e passou a ensinar gratuitamente em seus Stories as receitas mais básicas, as dicas mais úteis, o conhecimento de mais valor para quem até então não era exatamente íntimo das panelas. Formou um público fiel e mostrou como sua expertise poderia ajudar. Isto é marketing de conteúdo de verdade!
O QUE VOCÊ VENDE?
Um dos posts mais exibidos na história do insta Amo Branding foi o que trazia a frase “pessoas não compram produtos, compram efeitos”. Não é o produto ou serviço que causa desejo e interesse nos consumidores, mas sim o que aquele produto ou serviço poderá fazer na vida deles. Já na lançamento de seu Chez Manu Todo Dia, a carioca o apresenta como a ferramenta que vai transformar do zero a relação de sua família com a alimentação de verdade. Quem se inscreve não procura apenas um pot-pourri de receitas nem mesmo as planilhas de lista de compras, mas sim quer um recomeço no dia a dia de sua família. Some este aos dois fatores anteriores e o retorno é garantido.
Alê, gostei muito da newsletter de hoje. E não só penso, como já estou me programando pra lançar a minha própria newsletter em breve – e estou muitíssimo animada em voltar a escrever. E obrigada pelo "5 sentido", seus textos são inspiradores! Um beijo!