Amo (Busi)News #7: a influência digital mudou?
O que ficou das últimas décadas, o que passou por uma completa reinvenção e o que está por vir, pelas palavras de quem esteve – em diferentes papéis – em todas as muitas fases deste jogo digital!
"As it girls vão roubar o posto que já foi das estrelas de cinema e das top models." Quem me acompanha das antigas provavelmente vai lembrar desta frase que eu repetia à exaustão para explicar o tema do meu blog da época, o It Girls (2007-2010). Não sou nem nunca fui "adivinha" e estou longe de conseguir prever o futuro, mas como boa observadora curiosa acabo pescando já na largada tendências que vão logo se confirmar. E foi o que aconteceu: o termo exato mudou de it girls para influenciadoras, mas este perfil de fato passou a dominar campanhas, anúncios e assuntos.
Depois de um boom inenarrável da influência digital, o mercado está se redesenhando – e, aqui, mais uma vez, não há nenhuma previsão ou adivinhação, apenas uma observação atenta do que (já) acontece. Os grandes influenciadores se tornaram tão inacessíveis como celebridades, algo que é oposto ao conceito inicial dos blogs da década retrasada, de algo próximo, de troca e identificação. Ter uma mensagem respondida por um destes personagens é, hoje, algo mais raro e improvável do que receber o retorno da cartinha enviada para o elenco da novela das oito dos anos 90. E não cabe aqui nenhuma crítica: com plateias que superam – e muito – as de veículos tradicionais da mídia, seria mesmo impossível que estes influencers estabelecessem o mesmo contato que havia nas caixas de comentários do Blogspot de 2007.
Sim, vivemos um verdadeiro fenômeno da era das it girls/influenciadoras, a um ponto em que o fenômeno, por si só, começa a virar pauta: você provavelmente já deve ter se deparado com o teaser da nova série do streaming americano Hulu – Queenmaker: The Making of an It Girl estreia nesta semana nos Estados Unidos e promete mostrar os bastidores da era que "fabricou" Olivia Palermo e todas as outras precursoras da era da influência digital.
Na paralela da observação dos anos que nos trouxeram até o cenário atual, na qual um simples post do instagram pode valer muitas cifras, há um quê de exaustão. Questionamento, passos atrás, reclusão e uma baita nostalgia de quando tudo parecia mais cru, mais espontâneo. De um lado, influenciadores cansados de girar a rodinha de hamster do algoritmo; de outro, consumidores de conteúdo desanimados com uma versão 2.0 do Shoptime, na qual cada post quer (e vai!) te vender alguma coisa, de uma maquiagem que você não precisa a um curso que você não vai completar.
Quiet luxury, slow blogging e uma penca de outros tantos termos em inglês parecem vir como uma resposta para outra palavra tão comum do mesmo idioma: burnout. Quantos criadores já declararam publicamente suas lutas com as questões de saúde mental? Quantos insta-famosos já recuaram de suas rotinas de reality show digital? Quantas pessoas estão em busca de espaços mais livres e leves para se fazer – e consumir – um conteúdo como aquele que existia em 2007? Seria isto possível? Seria isto ao menos razoável? Difícil dizer...
Enquanto a NY Magazine estampa "o século da it girl novaiorquina" em sua capa, o que ouço nas conversas são palavras como mudança, comunidade, autenticidade, identificação, conexão. E também cansaço, expectativa de novos tempos, dúvida, incerteza, medo. O que, afinal, está por vir?
O que já dá pra dizer é que acabou a era do palco, na qual um fala e todos os outros só ouvem; voltamos (e queremos cada vez mais voltar) aos tempos de conversa, de trocas. É do ser humano querer fazer parte, sentir-se parte. Até estamos dispostos a consumir conteúdos aspiracionais, mas com bem menos frequência e disposição do que há dez anos – e exigindo bem mais carisma do influenciador que tem este papel mais inatingível.
Reunindo múltiplos pontos de vista, conversei para esta edição do dossiê Amo News com sete mulheres que estão em diferentes papéis neste mercado digital: as que estão criando conteúdo desde o pré-boom da influência como ela é hoje, as que foram e voltaram (ou não), as que estão do outro lado, unindo empresas e influenciadores em estratégias de marcas mais humanizadas. Mesmo com perspectivas diferentes e nichos distintos, muitas palavras – e apostas – parecem se repetir. Como viveremos a nova era da influência digital?
Com a palavra (muito obrigada!)...
• Lu Ferreira, blogueira por trás do Chata de Galocha, influenciadora há uma década e meia, sustacker vizinha no
!• Bia Perotti, jornalista que deixou a carreira em revistas e já muitos anos trabalha com influência e consultoria.
• Ana Luiza Masi, blogueira desde 2010, pioneira no nicho de maternidade.
• Debs Aquino, (ex?) influenciadora e atual especialista em desenvolvimento pessoal e mentora de mulheres.
• Vivian Teixeira, youtuber pioneira no nicho de maquiagem e hoje influenciadora de saúde e bem-estar.
• Tati Oliva, CEO da CEO @crossnetworking, empresa que faz parcerias entre marcas, empresas e pessoas.
• Mariana Ribeiro, fundadora da ILoveE, plataforma que deu origem a uma agência que faz a ponte entre marcas e criadores de conteúdo.