Amo (Busi)News #4: dossiê transição de carreira
Do corporativo para o digital, do digital para o corporativo; do emprego convencional para a marca pessoal, da carreira na Globo para a reinvenção pós-50; pra fechar, a importância do networking!
A hora é esta! Estamos encerrando janeiro. O mês que, possivelmente, mais inspira mudanças, recomeços, transições. O ano novo, por si só, inspira virada? Quando rascunhei inicialmente esta edição, as demissões em massa ainda nem eram a pauta de todas as redes sociais – o que, sem dúvida, traz ainda mais mudança, ainda que a fórceps. Por que as pessoas mudam? Por que outras pessoas não mudam, mesmo quando têm este desejo? Qual a relação de medo e coragem das que recomeçaram? Foi para responder a estas e outras perguntas que abri meu caderninho e fui conversar com quem mudou e com quem ajuda outros a mudarem...
Tenho uma relação próxima com mudanças – amparada em parte por privilégios, eu sei, mas com outra grande dose de inquietação e disciplina, de desejo real de sair da zona de (des)conforto, que é o que acontece com algo que passa a me trazer muito mais resultados do que desafios. Não é fácil, nunca foi sem dor e jamais aconteceu sem incluir até algumas gotas de arrependimento. Mas, talvez, de fora, pareça apenas natural, até fácil. E percebi isto quando, em 2017, a Thais Roque me chamou para uma entrevista em seu canal sobre... mudar!
Sair de algo que já "anda sozinho", fechar a porta de algo que ainda poderia ser lucrativo por um bom tempo e decidir recomeçar dá medo. Em uns mais, em uns menos, mas sempre trará algum nível de insegurança. Mas quando chega o momento em que ficar é mais dolorido do que sair – em qualquer área da vida – o movimento é necessário. Com ou sem medo. Lá atrás, na minha antiga marca (a Amo Branding, que existiu e me fez muito feliz e realizada por um exato setênio), eu tinha um programa chamado Rebranding. Com uma aula que trazia casos práticos e reais de reinvenções. E, nestas análises, o que sempre foi muito claro pra mim é que a gente nunca perde, a gente só soma. A faculdade do seu passado em uma área completamente diferente da sua atividade atual é um diferencial; a experiência da carreira solo é, na carreira corporativa (ou vice-versa), uma vantagem competitiva. As pessoas que você conheceu, as tarefas que desempenhou, os perrengues que enfrentou, tudo, absolutamente tudo te traz mais bagagem para a(s) nova(s) vida(s). É só uma questão de alinhavar, de saber contar sua história, de entender passado como bônus.
Em uma entrevista de Imran Amed, o inspirador fundador do Business of Fashion, para o podcast do ex-monge Jay Shetty, muito se falou sobre este tal "fio condutor". Imran, eu nem sabia, teve uma formação convencional em negócios e uma carreira corporativa em grandes empresas de consultoria antes de começar o blog-que-virou-uma-startup com múltiplas rodadas de investimento que (hoje) passam de US$ 2 milhões. E ele afirma não ver tais transições como mudanças, mas sim como uma linha pela qual tudo está interconectado. Esta visão, pode apostar, facilita qualquer processo.
Eu sempre digo que sou profundamente grata aos empregos convencionais, com horário pra entrar e pra sair (bem, nem tanto horário para sair, mas isto já seria tema para outro papo!). Acredito que nada dá mais impulso em uma "carreira solo" do que a experiência convencional prévia. Mas esta é, claro, só a minha percepção, a minha experiência. Ter testado múltiplas possibilidades e diversos formatos só me deu mais certeza para entender que o modelo de liberdade editorial é o que melhor funciona para meu processo criativo; ter trabalhado para outras pessoas é o que me permite hoje trabalhar para mim – e, até, saber como, quando e por que eu poderia voltar a trabalhar para outras pessoas, porque mudança não é contrato vitalício.
Esta é só (parte d) a minha história com transições e reposicionamentos. Para fazer desta edição um "dossiê" eu fui conversar com outras pessoas, que fizeram diferentes trajetos. De lá pra cá, de cá pra lá. E também pude bater um papo sobre networking – fator que pode ser decisivo em dez a cada dez mudanças de rumo – com Andrea Cruz, especialista em gestão de carreira. Se 2023 te inspira mudança, inspire-se com estes papos...