Amo (Busi)News #17: por que Alex Cooper é "o" case de influência atual
Única mulher no top 5 dos maiores influencers do mundo, a americana – que fatura US$32 milhões anuais e é tema de doc no Hulu/Disney+ – é uma aula viva sobre a próxima era da voz digital.

Já acompanhava de longe a trajetória de Alexandra Cooper há uns quatro anos – afinal, ela já fez entrevistas pra lá de comentadas com Gwyneth Paltrow, Hailey Bieber e até Kamala Harris. Mas foi só agora, que seu contrato de exclusividade com o Spotify chegou ao fim e os podcasts ganharam versão na íntegra em vídeos no Youtube, que ela se tornou uma espécie de hiperfoco nas minhas análises de negócios digitais.
Na semana passada, a divulgação da lista dos maiores influencers do mundo (cujo top 25 é majoritariamente masculino e integralmente anglófono) mostrou que ela é a primeira das mulheres no ranking – efeito de um faturamento anual de US$ 32 milhões, que deve ganhar ainda mais fermento depois que ela fechou contrato de US$ 125 milhões com o Sirius XM no início deste ano. Com-um-podcast!
Musa e voz da geração Z, aos 30 anos ela acaba de ganhar um documentário de dois capítulos sobre sua trajetória no streaming americano Hulu (no Brasil, pode ser assistido no Disney+) e fez uma turnê mundial levando apresentações presenciais para diferentes cidades dos Estados Unidos. Todas reuniram milhares de fãs alucinadas por sua influencer #1, que começou na internet há sete anos falando sobre temas como sexo, feminismo e vida pessoal sem filtros – hoje, com a visibilidade, pode-se dizer que se rebranding já a afastou do cerne do posicionamento pessoal.
O Call Her Daddy, seu podcast que começou com uma sócia e desde o início da pandemia acontece em modo solo, vende não apenas ideias, produtos físicos e entretenimento com entrevistas de superfamosos. Ele mostra, como quem não quer nada, o início de uma nova era do digital. Esqueça o instagramável superproduzido, mas esqueça também aquela vulnerabilidade pré-fabricada tão montada como os mais fotogênicos cenários: existe um carisma, um estilo e uma voz próxima que lembra bastante a internet dos blogs pessoais de 2005.
A era instagramável, vale relembrar, foi uma tendência muito forte na década passada. Ela entrou timidamente como previsão nos relatórios Non Obvious Trends do futurólogo Rohit Bhargava em 2011 e apenas veio se confirmando nos anos seguintes com nomes como “o teatro no varejo” (2012), “a influência artificial” (2019), “Espetáculo Estratégico” (2019) e Riqueza de Atenção (2020). De acordo com a teoria, marcas e criadores intencionalmente usavam espetáculos e superproduções para atrair atenção e engajamento.
O que previa-se durar pelos anos 2020 foi talvez freado pela pandemia. De repente, aqueles vídeos roteirizados e aqueles ambientes que eram apenas fotogênicos deixaram de ser tão interessantes por si só. Estávamos presos em casa e também cansados de excessos. Talvez a tendência tenha apenas sido acelerada além da conta. Mas a verdade é que o que era diferencial virou mais do mesmo, em uma competição de shows cada vez maiores, com equipes gigantescas e pouca (ou nenhuma) autenticidade.
O insta ainda é o terreno do… instagramável, ok, mas a ascensão do Tiktok nos últimos anos – com seus vídeos crus de pessoas que apenas abrem suas câmeras para dissertar textões aleatórios sobre a vida – mostra que um novo começo de era está nascendo. E Alex Cooper é a tradução em forma de ser humano para tudo isto.
Seus vídeos têm pouca edição (ainda que no documentário ela conte que leva horas e até dias no processo de transformar longas conversas em podcasts de 60 minutos em média). Ela entra em cena com rara maquiagem, usando moletons oversized (aguarde edição da Amo 40+ sobre esta tendência sob a ótica da moda nesta semana) e um rabo de cavalo ou coque estrategicamente “despencado”. Como quem senta no sofá de casa sem restrições de assuntos com uma amiga, ainda que a “amiga” seja… a Khloé Kardashian!
Alex está só começando e seu estilo de influência diz muito sobre nós como consumidores de conteúdo em 2025…
Na edição desta quinta-feira (26.06) da Amo News, começa a pré-venda do Insiders 2025, cujo tema é “Começar de Novo! Reposicionamento, coragem criativa e novos começos para mulheres que querem mudar com estratégia”. Por ser um encontro de conteúdo e networking (real!), as vagas são super limitadas pelo espaço físico e a exclusividade de inscrições (e também o valor com 25% de desconto) na primeira semana será para assinantes premium e/ou participantes dos Insiders Presenciais de 2023 e 2024. O Insiders 2025 acontece na manhã do dia 14/8, no Itaim Bibi, em São Paulo. Para ver o clima dos Insiders passados, há um destaque especial sobre eles no meu instagram @alegarattoni!
ATENÇÃO! O que vem por aí na influência…
Segundo relatório recente da Influency.me publicado na revista Exame, apenas 2,75% dos criadores de conteúdo estão na faixa etária de 45 a 54 anos, enquanto 48,66% das produções online são assinadas por pessoas de 25 a 34 anos. Um mercado com verba e potencial de decisão nas compras não deve ficar tão descoberto por tanto tempo.
O Youtube tem registrado nova fase de crescimento. Com a exaustão do instagram tão comercial e até com certo incômodo do (mau) uso do Tiktok Shops no Brasil, pessoas atrás de conteúdo real têm se voltado novamente a vídeos longos em todos os mercados.
E por falar em Tiktok… a rede que há tempos não é só mais “a plataforma de dancinhas das gen Z e Alpha” tem registrado cada vez mais pessoas 40+ produzindo e consumindo conteúdo de valor. O lance é chegar lá de mente aberta e não apenas esperando atrair o plateia que você já tem em outras redes. Em recente entrevista, a escritora Camila Fremder (uma das 40+ que mais brilha no Tiktok com seu humor fino) disse que sua entrada na rede a fez registrar crescimento em todos os seus outros negócios, graças a pessoas que só a conheceram por lá.
Viva o cru! Como já apontado no texto de abertura sobre o case de sucesso de Alex Cooper, saem os roteiros superproduzidos e abre-se uma janela para quem está disposto a ser realmente espontâneo (e não apenas aquele espontâneo da “vulnerabilidade” encomendada de 2015).
Pelo mesmo motivo, vale ter cuidado com o excesso de Canva e modelos prontos em carrosséis estrategicamente coloridos e desenhados – em todas as plataformas. Tendem a ser frios, pouco têm a cara do humano por trás deles e vão na contramão do que temos notado: um mix de pessoas que querem ver vídeos mais longos, com boas pitadas dos que preferem os cortes rápidos e um renascimento dos que apreciam um texto que usa apenas… caracteres!
Já assinou minha newsletter plano B?! A Amo 40+ (que mudou de nome dia destes, mas mantém a mesma pegada) tem moda, beleza, podcast e reflexões pessoais e aquele necessário quê de falta de editoria fixa. E traz conteúdos abertos em todas as suas edições – além dos conteúdos fechados e arquivos liberados para assinantes pagos!
Já queremos ir nesse evento presencial. Queremos, no caso eu PV! Lú tá em Pretoria. Um pouquinho longe 🤣!