A onda da influência (edição extra!)
Quantas marolas e ondas consideráveis é preciso furar pra surfar a onda gigante de Nazaré do mundo dos influencers?
Tudo começa como uma piscininha, daquelas que se formam nas praias de inverno do Rio. Os primeiros amigos chegam, praticamente crianças com baldinhos, divertidos, na mesma vibe. Mas o que move o ser humano? Saber o que tem depois do banco de areia...
Ali surgem as primeiras marolas. Uma galera mais ampla e você até já sente que, veja só, tem uma voz. Conversa, troca, divide. Conta de onde é sua prancha e por que decidiu, com ela, ir um tico mais adiante. Porque quem navega marola sempre acha que dá pra furar umas ondas.
Aí você entra mais fundo. Tem mais gente. De repente, quando menos espera, aquela frase totalmente despretensiosa traz um ondão com o qual você não contava. E quando vem o ondão, quem é de cidade de praia sabe, é furar ou furar - senão você vai encaixotar e chegar na areia sem (ao menos) uma das partes do biquíni, muita areia em todos os poros e quase nenhuma dignidade. Na influência, o ondão recebe o simpático nome de viral.
Quem viraliza e toma o caixote inesperadamente tem uma tendência de não voltar pro mar. Ao menos não para a parte mais funda. Fica ali na piscininha e na marola, com a certeza de que dá pra ser feliz só neste tipo de praia. Um mate meio a meio e um biscoito doce, por favor!
Mas tem os corajosos (ou ingênuos) que voltam. E, claro, tem todos aqueles mais providos de inteligência emocional e/ou mais dispostos a pagar o boleto da saúde mental que furaram lindamente a bolha. Ops, quis dizer a onda! E de onda em onda é que se constrói a verdadeira influência digital.
Você fura a do viral que gerou hate leve e mal tem tempo de respirar antes de ter que furar a onda do público que cresceu - pro bem e pro mal - por conta daquele viral. Vem tudo ali: mar, sal, espuma, areia, gente semi-chata.... Mas o verdadeiro influenciador nato, com talento pra coisa em todos os seus ângulos, olha pra trás, vê com ternura a piscininha transparente e nada mais e mais pra dentro.
As ondas, claro, só crescem. No meio do tubo perfeito, muda o algoritmo. Mudam as regras. Muda a plataforma. Muda a plateia. E cada uma destas mudanças é uma nova onda. Quando você acha que tava dominando a brincadeira, olha pro lado e vê que, mesmo com tanto caldo envolvido, tem mais 18 disputando a mesma entrada de onda com você. Bora para a competição, não é mais brincadeira de baldinhos e pranchas compradas do ambulante.
É a seleção natural de Darwin, os mais fortes vão ficando, muitos saem na cestinha do helicóptero dos bombeiros (pânico de qualquer adolescente "na fase que mico" carioca!). Nem todos saem em bom estado, nem todos chegam ao ponto de montar no jet ski rumo à onda gigante. Mas quem tem fôlego, ouvi dizer, conta que é um barato surfar lá de dentro. Ah, e que patrocínios não faltam!
obs. texto escrito por uma carioca que, na praia ou na internet, prefere piscininhas mansas transparentes e nunca foi muito além de furar duas ou três ondas de uma só vez, até porque tem consciência de que não sabe surfar!
Amiga, li com um sorriso no rosto! Texto com cheiro de maresia, me vi sendo carregada pelo baldinho dos bombeiros hahahahaha! Obrigada pelo texto, já alegrou o meu dia!
Sempre assertiva Ale, adorei o texto com perfume carioca!