Amo News

Amo News

Share this post

Amo News
Amo News
A menos inteligente do rolê

A menos inteligente do rolê

Nós nos enxergamos cada vez mais com base nas comparações com o entorno. E é mais nelas (do que em fatos reais) que se baseiam as nossas inseguranças...

Avatar de Ale Garattoni
Ale Garattoni
out 18, 2022
∙ Pago
68

Share this post

Amo News
Amo News
A menos inteligente do rolê
35
1
Partilhar

Eu já tive muitas, muitas inseguranças. Chegar ao 1.76m de altura aos 13 anos, quando as meninas da minha geração tinham em média uns 20cm a menos, é a primeira da qual me recordo. Vivia encolhida. Nas três décadas seguintes, foram outros tantos complexos... Chegando na internet dos blogs de moda uns 15 anos atrás e sendo julgada por minha aparência, foram outras tantas timidezes e outros tantos gastos para aplacá-las. Mas nos círculos por onde passei, na vida pessoal e também na digital e na profissional, meu suposto "dom para escrever" era meu porto seguro (fui ao Volp conferir se porto seguro tinha hífen, guarde esta informação!). De tal maneira que eu sequer tinha o hábito de reler algo antes de enviar para publicação, mesmo quando trabalhava em veículos de imprensa convencionais.

Nunca me senti apropriada em redes de imagens como o insta. Nem inapropriada em redes de palavras, como o Twitter: posso não ter dias instagramáveis, mas mesmo nos tempos de rebelde sem causa do ensino médio minhas notas de língua portuguesa eram maiores do que as notas de educação física (fatos reais!). Até que....

Vim parar aqui no Substack e ganhei um novo círculo de vizinhos digitais, bem diferente dos que me rodearam nas últimas duas décadas nas modas e na internet. Várias são cronistas de mão cheia, profissionais mesmo. Muitas fazem mestrado em literatura. Todas acumulam dezenas de livros de ficção em suas listas de leituras. E, do nada, como alguém que até outro dia praticamente só lia ~best-seller de desenvolvimento pessoal/autoajuda~, comecei a me sentir inapropriada. Insuficiente. Até mesmo incapaz de brincar tão livremente com as palavras, algo que poderia me fazer tropeçar em algum erro gramatical. "E se elas perceberem que eu não faço parte deste clubinho?"

Foi assim que me dei conta da origem das nossas inseguranças. Tem muito menos a ver com nossas reais capacidades e mais a ver com a comparação que nós mesmas instituímos com base nos nossos achismos pessoais. E no mundão enorme da internet, não tem currículo nem conta bancária que pareçam suficientes, porque do lado sempre haverá alguém mais inteligente, mais bonito e mais carismático.

Seguirei insistindo em me expor por meio de textos, porque é o que me dá vida. Seguirei evitando a autocrítica 24/7 que lembra que alguém lerá o que eu estou escrevendo. Seguirei olhando mais para dentro do que para os lados. Mas percebi como é curiosa a variação de autoimagem (e consequente variação de inseguranças) de acordo com o que nos cerca!


Este post é para subscritores pagos

Already a paid subscriber? Entrar
© 2025 Ale Garattoni
Privacidade ∙ Termos ∙ Aviso de cobrança
Comece a escreverObtenha o App
Substack é o lar da grande cultura

Partilhar