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♡ A síndrome da impostora não é (só) coisa da nossa cabeça, não!
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Textões da Ale

♡ A síndrome da impostora não é (só) coisa da nossa cabeça, não!

Muitas vezes nos sentimos incapazes por conta de nossas próprias crenças; mas, em outras, são as pessoas ao nosso redor que tratam de subir as cerquinhas imaginárias que tanto nos paralisam.

Ale Garattoni
Feb 23
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♡ A síndrome da impostora não é (só) coisa da nossa cabeça, não!
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Uns anos atrás, quando meu negócio começou a crescer e ter alguma relevância dentro de um nicho específico de interesse, um amigo e uma amiga – sem ligação entre si – vieram a mim. Contavam que o(a) fulano(a), nosso(a) amigo(a), tinha falado algo do tipo "como assim ela tem um negócio disto, ela nunca trabalhou na área, não fez uma formação xyz fora do Brasil etc". Notem que os amigos que fizeram a ponte das más avaliações muito provavelmente pensavam a mesma coisa, ou teriam deixado morrer o assunto. Tudo bem, eu entendo.

E quando eu digo que entendo é porque eu também fui, sou e, se não estiver muito atenta, voltarei a ser (quase) parecida com estes quatro amigos. Na verdade, acabei de ser. Estava fazendo um raro passeio pelo Linkedin e me surpreendi com os feitos de uma pessoa que, na minha mente de crenças antigas e limitadas, não teria credenciais para fazer o que ela estava anunciando fazer. Minha única diferença é que eu guardo este pensamento só pra mim, de modo que ele nem sonhe em chegar na pessoa que, na realidade, só está ali fazendo, crescendo, dando a cara a tapas em público.

Sou dos anos finais dos nascidos sob a geração X. A geração dos títulos, dos diplomas, dos certificados. A geração que tantas vezes se "escondia" atrás de CNPJs bojudos mesmo sem querer. A geração que entendia que sucesso vinha de poder, status, dinheiro – independente do custo ao qual se adquiria tudo isto. A geração do curriculum vitae e do Q.I. (famoso "quem indica"), que não por acaso começou a se incomodar com os valores tão livres e diferentes dos millennials e que, até hoje, nunca entendeu como do nada alguém se tornava uma celebridade só por conta do que fazia na internet.

Nós, das gerações até a X, ainda carregamos em nós uma espécie de "como ousa" para quem chega lá sem percorrer caminhos tradicionais. Para quem por vezes tem a prática antes mesmo da teoria. Para quem escolhe profissões que nem existiam dez anos atrás e faz diferença no mundo real mesmo sem ter uma parede toda forrada por diplomas. Sabe por quê? Porque é mais fácil questionar a capacidade alheia do que a crença interna. Como diz Adam Grant em seu best-seller Pense de Novo, desaprender pode ser uma das principais (e mais difíceis) capacidades do mundo atual.

Já faz tempo que escuto teorias da síndrome da impostora, que é quando só a própria pessoa não reconhece e legitima suas habilidades. Só que, ao contrário do que se fala, esta síndrome nem sempre nasce dentro do candidato a impostor. Ela vem das dúvidas levantadas até pelos amigos mais próximos, ainda que se forma bastante sutil; vem do estranhamento que causa nos outros fazer algo que ainda não tenha sido feito (ao menos não da mesma forma); do julgamento que vem disfarçado de curiosidade, sororidade ou boa ação.

Enquanto a gente tá ali, furando uma onda depois da outra, tomando fôlego e tentando entender se em determinado momento o mar fica mais calmo, nossa galera tá ali na areia gritando que é melhor voltar pra terra firme, afinal, você não fez cursos de natação, mergulho, biologia marinha e outros mais. Enquanto focado em surfar para além da onda, a gente não escuta. No entanto, é justamente quanto está tomando fôlego pra seguir que estes gritos ficam mais altos e amedrontadores. Porque quando a gente escuta, a gente tende a acreditar. E muita gente sai, exatamente assim, do mar e corre rumo a mais uma formação, mentoria ou horas de nado-teste.

O mundo de 2022 não tem mais NADA do mundo de 1992. Se é melhor ou pior, só o tempo vai dizer. Mas agora Youtuber é profissão de verdade (e bota verdade ni$$o!), conhecimento é algo democrático (o que traz ônus e bônus, entendo) e quase lugar nenhum vai pedir para olhar seus diplomas antes de saber, por meio do que você já construiu em público, se você tem ou não capacidade para alguma coisa. Na dúvida ou incapacidade de aceitar os atuais paradigmas, recomendo a leitura da bibliografia de Adam Grant!

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Carolina Ruhman Sandler
Writes Vou te falar ·Feb 23Liked by Ale Garattoni

Amei, Ale! Estamos pouco se fala sobre como o julgamento alheio alimenta a nossa síndrome - mas ô se alimenta. Acho também que nos acostumamos tanto a julgar o outro que isso só fortalece este nosso “músculo julgador” na hora que voltamos ele contra nós mesmas. Texto super importante!

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Carla Cavellucci Landi
Mar 22Liked by Ale Garattoni

Ah Ale, vc falou por mim! Morro de medo dos julgamentos - mas mais de pares da minha geração, os q acham q mexer no Instagram e saber usar uma hashtag é tudo c o q deveriamos nos “conformar em saber”. Vc me anima a tapar o nariz c a mao (pq ainda tenho receio de respirar pela boca 😂) e mergulhar nesse mar! ❤️😘

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